Este é um blog de microcontos. Limite máximo de 129 caracteres. Quanto à pontuação. O único sinal usado será o ponto final.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Nº 27

Primeira vez que o casal acordava junto. Foram escovar os dentes. Na mesma hora. Não termino antes que você. Ambos pensaram.

domingo, 14 de setembro de 2008

Nº 26

Quando entrou no lugar. Todos notaram suas calças amassadas. Vestiam shorts. Mas notaram.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

nº 25

Na cadeira fria. Pés e mãos amarrados. Um elmo de fios na cabeça. Uma coceira na orelha. Chave para baixo. Nada mais de coceira.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Nº 24

Viu a menina deixar a bexiga escapar-lhe das mãos. Foi o balão suicida para grama. Alegoria das mais eloqüentes. Pensou evasivo.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Nº 23

Uma poltrona marrom. Meia xícara de café. Cigarro aceso. Um jornal de ontem. E o rosto imberbe admira a pós-modernidade.

sábado, 3 de maio de 2008

Nº 22

Um homem com as marcas da vida no rosto. Perguntado sobre ela disse. No we're never gonna survive unless we get little crazy.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Nº 21

Na sua prisão não tinha grades. Mas era claustro. Somente saía quando quadradinhos azuis piscavam na tela dando oi.

terça-feira, 18 de março de 2008

Nº 20

Calçou um sapato de cada cor. Era daltônico e não sabia. Muitos na rua observavam o incauto bicolor. Mas o conforto deixa míope.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Nº 19

Com o ouvido na porta escutou a conversa. Pegou o primeiro ônibus. Trinta e um anos depois ele ainda se perguntava como ela pôde.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Nº 18

Rascunhou três versos e caiu no sono. Acordou metamorfoseado em um grande poema. Foi para Praga. Conheceu um tal de Samsa por lá.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Nº 17

Quando o viu de mãos dadas com Zélia. A cadeira se transformou em montanha-russa. Engolindo um dragão. Sorriu. Como vai Carlos.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Nº 16

Tinha uma grande idéia na cabeça. Mas a caneta falhou. Morreu como contínuo.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Nº 15

Quatro dedos de vodka. Três de gim. Dois de absinto. Um de prosa.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Nº 14

Tomou dez comprimidos. Depois mais dez. Na tv. Novela mexicana. Um fim felliniano. Enfim.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

nº 13

Tem milhares de guarda-chuvas. Pretos. Azuis. Rosto da Madona. Sempre esquecidos em algum lugar. Então. É ele quem acha. Todos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Nº 12

Não devia fazer. Fez. Quando acordou ligou para ele. Disse que a saudade era imensa. Até doía. Mentira. O que doía era o remorso.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Nº 11

Era fotógrafa. Mas não usava o laboratório. Tinha medo do escuro. Desde aquela noite de sábado. Quando tinha seis anos.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Nº 10

É fácil. O da direita acelera. Do meio freia. E o da esquerda para marcha. Fácil é passar rímel arrumando a saia. Pensou ela.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Nº 09

Recobrando os sentidos lembrou-se da compra da tábua de carne. Plástico não. De madeira é melhor amor. Por que deixei. Pensou.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Nº 08

Um tiro. Foi ao chão. E os letreiros de sua vida subiram.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Nº 07

Uma pasta. Duas pastas. Três pastas. E o burocrata se despenteia.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Nº 06

Acabou. Disse ele. E o vinho na boca da moça consubstanciou-se em mar morto.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Nº 05

Sábado quente. A vida de convívio não a comoveu. Pegou um batom e dois pratos. Foi embora. Diaba. Pensou ele. Logo os de prata.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O menino perguntou. Ainda é noite. Não. Respondeu ela. E correram para a porta. Como se pudessem calar o dia.


A coleirinha pousou na goiabeira. O menino viu. Em ouvido de menino ele buzina. Pedra na mão. Pensou. Deus perdoa.


Um balcão. Um conhaque. Um cigarro. Uma música. 71 vem à cabeça. As armas. O nome falso. Os choques. Outro trago. Dos dois.


Olhou para estante. Viu Cortázar. Lembrou-se de Laura. Em Neruda. Joana. Kafka. Clara. Orwell. Sofia. Uma pinacoteca.